quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

SERGUEI TRANSOU COM JANIS JOPLIN


Atenção! Este post é anterior a morte de Serguei em 7 de junho de 2019, mas isto não interfere na história, apenas o texto se refere a ele como ainda vivo.

Janis Joplin era muito louca, gostava de beber licores e usava heroína, tinha gravado dois discos com sua banda 'Big Brother and the Holding Company', morava em San Francisco, Califórnia, quando foi apresentada a um brasileiro tão louco quanto ela.



O ano era 1968 e ela estava em um festival de rock em Long Island quando um outro amigo brasileiro lhe apresentou Serguei que morava desde os doze anos de idade nos EUA com sua vó materna:


“Fomos apresentados por um amigo chamado Aldir Oliveira. Não percebi que era ela de primeira, foi ele que me avisou. Ela estava com aquele cabelão de hippie, enorme. Ela tinha um jeito de interior. Até hoje esse tipo de gente me fascina. Ela tinha um sorriso assim, meio sem graça”
Serguei

“Ela chegou em mim e disse: ‘Você tem muito feeling’. De cara, ficamos amigos”
Serguei

“Foi no Festival do Parque em Long Island, EUA. Meu amigo Laudir de Oliveira, percussionista da banda Chicago, vinha pela estrada com uma cigana muito louca. Era ela. No dia seguinte ela foi ver o show da minha banda. Ficamos juntos e fizemos muito sexo. Fomos para a Califórnia e ela me apresentou para várias estrelas: Jim Morrison, Jimi Hendrix, Kris Kristofferson… Nosso caso de amor se transformou em lenda e terminou no Rio de Janeiro”
Serguei

Janis gostou do cara e o convidou para passar um tempo em sua casa. Serguei passou um mês morando na casa dela, inclusive conheceu Jimy Hendrix lá:


“Um dia, ela estava fazendo suco e bateram na porta. Fui ver, era um black power esquisito. 'Pode abrir'. Ela falou. Foi assim que conheci o Jimi Hendrix. Sei que eles começaram a discutir muito, depois se beijaram – era um outro estilo de vida, tá me entendendo?”
Serguei

O nome verdadeiro de Serguei é Sérgio Augusto Bustamante, nascido em 1933 no Rio de Janeiro, mas já era chamado de Serguei desde criança por conta de um amigo russo que não conseguia pronunciar o nome em português. Nunca chegou a ser um rockstar, mas passou por toda a época do surgimento e auge do rock nos EUA e Brasil, tendo conhecido alguns grandes nomes da psicodelia.


Sendo ou não verdade o que ele narra sobre Janis Joplin em 1968 parece que ele realmente esteve com a cantora em 1970 no Brasil. Existem testemunhas e registros do encontro entre os dois. Ela estava tentando se descontaminar das drogas e passar um tempo em algum lugar alegre, ensolarado e quente para relaxar e arejar a cabeça pois seu médico tinha sido categórico:

“Você tem de parar! É uma questão de vida ou morte. E, além de parar, você tem de tomar sol, ficar numa praia, num lugar bem longe de todos os seus lugares”

E por algum motivo incompreensível acabou no Rio de Janeiro bem na época de carnaval, no meio da farra desregrada, drogas, bebidas e sem horário pra descansar entre as festas contínuas. Se hospedou no Copacabana Palace e tentou nadar pelada na piscina, acabou expulsa e sem lugar onde ficar pois os hotéis estavam lotados de turistas, também tentou fazer topless na praia e quase acabou presa:


“Janis talvez estivesse esperando vodu, a música intoxicante do samba, coloridos trajes de bailes de máscaras e uma legião de nativos que cobiçariam seu corpo; em vez disso, encontrou um estado policial”
Gary Carey, no livro "Lenny, Janis & Jimi"

Por sorte foi encontrada por um amigo brasileiro, o fotógrafo Rick Ferreira, que a levou para sua casa:

“Janis estava perdida na praia. Tinha acabado de ser expulsa do Copacabana Palace e não tinha para onde ir. Eu a convidei a ir para o apartamento em que eu morava, no Leblon. E ela aceitou. A experiência de convivência com Janis foi fantástica”
Rick Ferreira

“Fui apresentando a Janis para o Jerry (Adriani), porque o cara era da Jovem Guarda e não sabia nada de rock n’ roll. E ele veio: ‘Janis, quais foram as suas impressões do Carnaval carioca?’ Ele nem sabia quem era. Nem a Globo. Nem a Veja. Nem ninguém …”
Rick Ferreira

Rick jura nunca ter tido nenhum relacionamento mais íntimo com a cantora:

“Aliás, ela nem era o meu tipo de mulher, apesar de toda a admiração que eu tinha. Ouvi-la cantando em casa, mesmo sem acompanhamento, foi simplesmente fantástico. Janis tinha os mais diferentes tipos de vozes, coisa de outro mundo”
Rick Ferreira

Em outro momento ela entrou na favela da Rocinha para comprar um “pozinho” e acabou fazendo um show exclusivo para alguns moradores dentro de uma birosca.


Também quase foi presa ao tentar invadir a Sapucaí para desfilar junto com uma escola de samba:


“Vibrou com o carnaval de rua e a batucada. Levei-a a todos os lugares e foi tudo um barato”
Rick Ferreira


O resultado fatal desses dez dias de retiro no Brasil aconteceu seis meses depois. Uma overdose, sozinha dentro de um quarto de hotel em Los Angeles, com apenas 27 anos de idade, entrando para o famigerado Clube dos 27 (leia mais sobre isso > AQUI <).

Mas a lenda sobre o relacionamento entre Janis e Serguei é um pouco obscura. Vamos tentar entender.

Eles se reencontraram no Rio:

“Eu caminhava pela calçada em frente ao Copacabana Palace – naquela época a gente podia andar na Avenida Atlântica sem ser assaltado – quando vejo um casal bem diferente: um loiro alto, bonito, interessante e uma mulher com turbante e saia cigana. ‘Puta que pariu! Janis!’, gritei, e logo nos beijamos na boca.”
Serguei


Depois ele a teria levado para uma boate no Leme (New Holliday), onde Serguei iria se apresentar. O dono da boate não quis deixar ela entrar pois achou que aquela ripe fosse uma mendiga, e olha que a boate era frequentada por prostitutas da zona portuária. Já lá dentro Serguei chamou Janis para cantar algumas músicas:

“Então ela soltou a voz e cantou ‘Ball and chain’. Meu Deus… o canto dela era sublime! A boate toda se levantou. Alcione gritou desvairada. Tony Tornado, que também se apresentava ali, tremia todo, sem camisa… e o dono da boate que a tinha barrado disse: ‘Puta que pariu! Como fui barrar essa maluca?’”
Serguei

Assistiram ao show da cantora Darlene Glória, depois saíram para caminhar na praia e acabaram transando a três na areia: Serguei, Janis e o namorado dela:

“Éramos cúmplices, namorados e amantes. Chegamos a viver momentos de loucura. Na época, Janis tinha um namorado holandês e transamos a três em plena areia de Copacabana”
Serguei

“Saí de lá, alcancei ela com o David Niehaus, o tal holandês loiro, já na praia. Uma lua cheia… Você sabe, né, sou um sem-vergonha por natureza. Transamos nós três até de manhã. Na verdade, eu estava mais ligado no holandês, aquela bunda branca ao luar, não tinha muita atração nela porque pra mim a Janis era algo inatingível, um ídolo, sensualidade e protesto, tudo. Ela era tudo o que eu queria ser. Mesmo que a gente estivesse próximo, transando, pra mim ela era um ponto de luz perdido no espaço”
Serguei

Uma prova desse momento teria sido destruída pela mãe de Serguei. Janis teria feito desenhos e escrito mensagens por toda a calça dele durante a noite, mas enquanto ele dormia já em casa, sua mãe teria achado a calça toda riscada e mandado lavá-la.

Por outro lado Serguei sempre deixou claro que o caso entre os dois foi apenas uma aventura passageira:

“Sabia muito bem que ela não era mulher de um homem só”… “Quando ela diz em suas cartas que se apaixonou no Brasil por um homem de olhos azuis, acho que possa ser o holandês, porque meus olhos azuis são efeito de uma belíssima lente de contato. Mas se existiu alguém que amasse tanto Janis Joplin como eu amei, então esse namorado sou eu”
Serguei

Mas existem contradições entre os diversos relatos. Por exemplo o fotógrafo Rick Ferreira diz ter sido ele quem levou Janis à boate New Holliday e somente lá que ela e Serguei se encontraram.

Serguei também se contradiz dizendo que fez um show na boate e que convidou Janis a subir no palco, mas em outro momento diz ter pedido para que uma banda que tocava naquele momento acompanhasse a cantora improvisando sem conhecer as músicas.

Serguei fala que encontrou a cantora com um namorado holandês, mas no livro 'Buried Alive', uma biografia de Janis escrita por uma de suas amigas, chamada Myra Friedman, é dito que houve um namorado, mas que era norte americano, o já citado David Niehaus, até foram fotografados juntos.


Isso tudo parece se confirmar na última carta escrita por Janis Joplin, entitulada A carta do Brasil, escrita em abril de 1970 já nos EUA:

“Alô

Realmente trabalhando demais nos ensaios, tenho uma nova… pequena banda e tudo vai fantasticamente! Ótimas novas canções - eu realmente precisava de novas canções -, portanto faremos um disco durante a próxima turnê. Albert está aliviando minha agenda, um pouco devido à minha velha idade e porque eu pisei fundo demais!… Encontrei um homem muito legal no Rio de Janeiro, mas eu tive que voltar a trabalhar, por isto ele está fora, descobrindo o resto do mundo - África ou Marrocos agora, eu penso, mas ele realmente me amou e foi tão bom para mim e ele quer voltar e casar comigo! Eu pensava que morreria sem alguém além dos fãs me chamando. Mas ele foi jeitoso e quem sabe - eu posso cansar do negócio da música, mas estou realmente fundo nela agora!
Janis Joplin


A amiga Myra também escreveu sobre esse momento na vida da cantora.

“No meio de toda a excitação que marcou aqueles dias, Janis parecia genuinamente feliz, particularmente depois que conheceu David Niehaus, de manhã, na praia”
Myra Friedman


Aí está outro detalhe que contradiz as lembranças de Serguei. Janis não fala especificamente em nenhum homem de olhos azuis pelo qual teria se apaixonado.

Mas aparentemente ela se encontrou com David dois meses depois e eles não acharam um ponto em comum além dos dias de festa no Brasil e tudo acabou entre eles.

Outra contradição aparece nas lembranças de Tony Tornado. Ele diz ter sido procurado por Serguei para ajudá-lo a tirar Janis desacordada da praia, nesta versão ela estaria sem condições de transar a noite inteira e não havia nenhum namorado com ela:


“E foi assim que conheci a Janis Joplin. Atravessei a praia de Copacabana com ela toda torta nos braços”
Toni Tornado

Serguei também é categórico quanto a causa da morte de Janis, mesmo não estando lá:

“Foi assassinada pela CIA porque ela exercia um grande poder sobre a juventude americana. Colocaram sonífero em sua bebida e depois aplicaram uma overdose de heroína. Antes de a droga ser aplicada, ela foi asfixiada”
Serguei


Mas as diversas contradições nas lembranças de Serguei e entre as dele e de outros também não invalidam a lenda, afinal não dá pra confiar nas memórias de ninguém que estivesse envolvido com o mundo do rock psicodélico nos anos sessenta, é bem provável que todos tenham as memórias meio embaralhadas e mesmo assim estejam dizendo a verdade (a verdade de cada um) e que na liberação sexual da era hippie realmente Janis se envolvesse com qualquer um de seus amigos sem que houvesse algo mais sério nestes relacionamentos. Serguei pode estar contando a mais pura verdade.

Nosso dinossauro do rock esteve em Woodstock, fez shows em dois Rock n’ Rios, apareceu em muitos programas na TV, teve seu próprio programa em TV a cabo (Serguei Rock Show), no Brasil é o cantor oficial do clube de motoqueiros Hells Angels, gravou oito compactos entre 1966 e 1984, um longplay chamado Coleção de Vícios em 1991, e dois CDs, Serguei, em 2002, e Bom Selvagem em 2009, mora em Saquarema (RJ) e sua casa é um ponto turístico na cidade, você pode visitar o Templo do Rock e conhecer o roqueiro mais antigo do Brasil.


E você, o que pensa disso? Serguei transou com Janis Joplin?



Leia mais frases do Serguei > AQUI <


4 comentários:

  1. Foi uma historia incrível achei até Emocionante pois era bb quando jani morreu mas curto jani ate hoje

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    1. A história de uma drogada borderline que morreu com 27 anos. O que tem de incrivel nisso??

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  2. me pareceu que uma história não bateu com outra, ou estória não encaixou com outra estória.

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